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Agosto 12, 2025

1984, é você?

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Bom dia! Aqui é a Meghie Rodrigues e hoje trago novas sobre os EUA deixando cientistas de cabelo em pé, um rescaldo (desculpem o trocadilho, não deu pra evitar) da discussão sobre vulcões e mudança climática, e umas coisas bem preocupantes sobre chatbots delirando e levando a gente junto. Também vamos falar de licenciamento ambiental e, na nota do convidado, Daniel Neri traz uma perspectiva sobre os chamados minerais críticos. Boa leitura!

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IA e saúde mental 

Ferramentas de IA podem estar contribuindo para um agravamento de sintomas psicóticos em algumas pessoas (que inclusive tiveram surtos e tomaram decisões que atrapalharam a vida delas). Tem até chatbot “ensinando” adolescente a tirar a própria vida. Ou flerta com você mesmo que você não queira. Chatbots enlouquecem e podem levar muita gente incauta junto — mais um motivo para debater a regulação dessas ferramentas com urgência.


Licenciamento ambiental
Lembra daquele projeto de lei sobre licenciamento ambiental (que poderia fazer o Brasil retroceder 40 anos em termos de legislação de meio ambiente)? Pois é, o prazo para sanção presidencial venceu e Lula vetou 63 dos 400 artigos do PL — o que, segundo especialistas, não resolve o libera-geral que o projeto representa, mas é melhor do que se fosse aprovado na íntegra. O Congresso, é claro, deve derrubar os vetos. O difícil vai ser convencer os parlamentares de que é melhor deixar como está.

Ainda sobre vulcões
Na edição passada, a Chlo trouxe a mega bola fora (pra não dizer negacionismo, mesmo) de um divulgador científico dizendo que a erupção de vulcões — como a recente no Monte Lewotobi Laki-Laki, na Indonésia — é que acelera o aquecimento global. O assunto continua rendendo. Inclusive, teve gente boa analisando como se ganhou dinheiro com essa história. 

Tentando reescrever a história
Parece uma cena saída diretamente do livro 1984, de George Orwell, mas são apenas os EUA da vida real em 2025. A Casa Branca anunciou que o país vai reescrever seus relatórios climáticos passados. Querem contar uma história paralela diferente daquela que a ciência vem mostrando há anos — um golpe baixo mas bem forte na ciência climática mundial. O processo está aberto a comentários e cientistas, com razão, estão de cabelo em pé.

E não para por aí
Como se não bastasse, tem mais desinformação virando política pública nos EUA: o governo de lá vai cortar o financiamento ao desenvolvimento de vacinas baseadas em RNA mensageiro (mRNA). Isso pode atrasar ou interromper avanços já feitos em pesquisas de câncer, HIV e outras doenças. Mais uma notícia deixando cientistas de cabelo em pé.

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NOTA DO CONVIDADO

Minerais críticos: demanda ou ideologia?

Por Daniel Neri, doutor em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp e professor de Física do IFMG em Ouro Preto

Desde os desastres-crimes da Samarco, a partir de Mariana, e da Vale, em Brumadinho, o setor da mineração, especialmente a mineração de ferro, tem acelerado seu processo de greenwashing, tentando atrelar sua produção à oferta de metais necessários à dita transição energética. Enquanto isso, tenta passar a imagem de atividade sustentável, responsável e promotora de desenvolvimento local e nacional.

Com relação à responsabilidade, as tragédias falam por si. Além do drama das reparações, milhares de pessoas se somam todos os anos aos atingidos pelos rompimentos, vítimas de remoções compulsórias provocadas pelo medo da lama invisível: o fantasma que assombra comunidades que viviam ou vivem próximas a barragens de rejeito. Também sobre sustentabilidade, parece piada de mau gosto o modo como o setor capturou o termo, como se qualquer extração de um recurso finito pudesse ser sustentável apenas pelo poder da palavra.

Cabe, portanto, discutirmos o que são, afinal, esses minerais ditos críticos – que, cada vez mais, se confundem com estratégicos. Críticos para quê? Estratégico para quem?

O recente desenvolvimento tecnológico de pilhas e baterias estão intimamente ligados a alguns destes minerais, especialmente o níquel, cádmio, o lítio e o cobalto. A estes se somam as chamadas terras raras – minerais escassos na natureza, úteis na fabricação de super-ímãs que, juntamente com o cobre, compõem a base do funcionamento dos motores elétricos. Todo esse conjunto, atualmente, está no centro da agenda de uma suposta descarbonização do planeta, que pressupõe a substituição dos motores movidos à queima de carbono por motores elétricos cuja matriz energética pouparia nossa atmosfera da emissão de gases de carbono que agravam o efeito estufa e, consequentemente, aceleram o aquecimento global.

E aqui, duas contradições se destacam.

A primeira é que não há nada que indique um movimento do capital globalizado que aponte para a redução da extração de combustíveis fósseis. A produção de petróleo não pára de crescer sob a desculpa de que será para “financiar a transição energética”.

A segunda contradição vem do setor da mineração – especialmente do ferro –, tentando atrelar sua atividade à importância da extração dos minerais críticos para a transição energética. Tanto é que junto a sanção do PL da Devastação, ainda que com vetos, o governo publica medida provisória que coloca em prática a nefasta “licença ambiental especial”.  

Como mágica, os metais arrancados desde sempre de nossas montanhas em larga escala foram enquadrados como “críticos” quando, na verdade, somente seguirão cumprindo sua tarefa histórica: gerar valor e lucro para fora, deixando a poluição, devastação e morte aqui dentro.

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