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Agosto 5, 2025

A culpa é dos vulcões?

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Bom dia! Aqui é a Chloé Pinheiro, trazendo um mico de um divulgador “científico”, que merece ser bem explicado porque o cara tem um baita alcance (ainda). Mas calma, também trazemos feitos grandiosos da ciência, eventos bacanas, muitos links interessantes e uma nota do convidado sobre a presença de microplásticos em gestantes brasileiras.

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Tadinhos dos vulcões 

O Sérgio Sacani, do Space Today, fez um post no Instagram sobre um vulcão que entrou em atividade na Indonésia. Ele escreveu que sua erupção liberava bilhões de toneladas de CO2 (gás poluente e principal causador do a) na atmosfera, “mas, por favor, continue pensando que o problema é o seu carro a lenha e a gasolina que emitem CO2”. O pessoal não perdoou nos comentários. 


Só para esclarecer 
Vulcões não são responsáveis pelo aquecimento global, tá? Estima-se que a atividade humana responda libere entre 80 e 100 vezes mais gases do efeito estufa do que os vulcões. Fora que as emissões antropogênicas acontecem 24 horas por dia e podem ser controladas. E ele ainda levou a sério a história do Trump bloquear o GPS no Brasil, que é meio… impraticável. 

Terras raras
O debate sobre os minerais conhecidos como terras raras, necessários para a indústria da tecnologia, em especial na transição energética, está quente no Brasil (inclusive virando munição pra negociação do tarifaço). Há pesquisadores que defendem que eles devem ser usados sim, mas pela indústria nacional. Só esqueceram de combinar com o meio ambiente, que pode ser bem impactado pela mineração. 

A luz do cérebro
Pesquisadores conseguiram confirmar que o cérebro humano emite partículas muito fraquinhas, mas detectáveis, de luz. Para testar a hipótese, pesquisadores colocaram participantes no escuro, e notaram, inclusive, que a iluminação muda conforme a tarefa sendo realizada. Eles vão estudar, agora, se a luz também tem papel no funcionamento cerebral ou é apenas resultado da atividade do órgão.  

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NOTA DO CONVIDADO

Microplásticos estão presentes em gestantes brasileiras

Por Alexandre Urban Borbely, biomédico e professor da Universidade Federal de Alagoas 

O plástico que usamos no dia a dia não desaparece. Ao contrário, se fragmenta em pedaços cada vez menores – os microplásticos – que hoje estão espalhados por todo o planeta e contaminam as águas, o ar, a terra, as plantas, os fungos e os animais. Em seres humanos, esses microplásticos podem ser inalados, ingeridos ou absorvidos pelo contato na pele e já foram encontrados em uma série de órgãos e fluidos biológicos, em estudos feitos em sua maioria na China e no primeiro mundo.

Nesse sentido, vale destacar o primeiro artigo feito no Brasil a mostrar microplásticos contaminando oito de quinze indíviduos, em seus bulbos olfatórios (regiões do cérebro). 

Ainda assim, pouco se sabe sobre a contaminação por microplásticos em brasileiros e mesmo na América Latina. Principalmente, o quanto essa contaminação existe em populações mais vulneráveis – como mulheres grávidas em regiões de menor desenvolvimento socioeconômico. Nesse sentido, nosso estudo, recém-publicado na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, é o primeiro a mostrar a presença de microplásticos em placentas e cordões umbilicais de gestantes no Brasil, focando em uma população carente de Alagoas.

Vale também destacar que esse é apenas o segundo estudo no mundo a mostrar contaminação fetal por microplásticos devido a passagem pelo cordão umbilical.

Analisamos amostras de 10 mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Maceió (AL), utilizando protocolos rigorosos para evitar contaminações externas por plásticos e técnica de microespectroscopia Raman para caracterizar os microplásticos. Como resultado, 10 das 10 gestantes analisadas estavam contaminadas com microplásticos. 

No total, encontramos 229 partículas de microplásticos nos tecidos analisados, com uma predominância de concentração maior nos cordões umbilicais do que nas placentas, em 8 de 10 participantes. Além do artigo, temos resultados novos de mais 20 gestantes e o padrão encontrado não vem mudando. 

Esses dados são muito preocupantes, pois, como a placenta é uma barreira para corpos estranhos em geral, era esperado que esses microplásticos pudessem ficar retidos nela, não chegando ao feto em formação, e nossos dados mostram o contrário.

Se esses valores foram encontrados após o parto, que quantidade de microplásticos pode ter passado para os fetos durante os 9 meses de gestação? Uma pergunta que assusta, mas que ainda não temos como responder.

Além disso, os principais polímeros detectados foi majoritariamente o polietileno, seguido por poliamida, polietileno, vinil, acetato e poliuretano, muitos deles comuns em embalagens e sacolas plásticas de uso único, roupas sintéticas, redes de pesca, brinquedos, espumas etc. No entanto, poucos aditivos químicos foram encontrados nessas amostras.

É importante observar que essa contaminação parece refletir o tipo de contaminação ambiental local, visto que embora em similaridade com outros estudos pelo mundo todo, temos algumas particularidades dos resultados no Brasil em comparação ao nosso estudo anterior, feito com amostras de gestantes do Havaí, nos EUA, e de outros grupos também.

Nosso grupo vem publicando estudos experimentais mostrando que microplásticos conseguem passar com facilidade pela barreira placentária usando modelos laboratoriais de exposição, e que altas concentrações causam alterações bioquímicas e metabólicas importantes nas placentas.  

Em conjunto, diversas questões urgentes vem surgindo: como os microplásticos afetam a formação e função da placenta, órgão vital para a mãe e feto durante 9 meses? Qual o impacto dessa exposição precoce no desenvolvimento do feto? Existirão repercussões dessa exposição durante a infância? E o que podemos fazer para evitar essa exposição? 

Para responder essas questões, precisamos ampliar os financiamentos para estudos na esfera da Saúde Única, estabelecer políticas públicas de controle da produção e da poluição plástica e garantir que a ciência ambiental considere as desigualdades sociais que moldam quem mais sofre com esse problema global.

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