Beijaço no sol (e feliz natal)
https://garimpo.news/assine?utm_source=nucleo&utm_medium=email
Aqui é Meghie Rodrigues. Então é Natal, e hoje a gente traz umas notícias mais leves para deixar o feriado de todo mundo mais feliz. Tem sonda Parker chegando pertinho do Sol, um anúncio de vacina anti-câncer da Rússia (que levanta ceticismo), terraplanistas descobrindo que a Terra é redonda e uma vacina pioneira do nosso Brasil-sil. Na nota do convidado, Josiel Juruna fala da união entre academia e ciência indígena (como foi demonstrado na revista Science esses dias). Feliz natal, pessoal!
Um beijo no Sol
A sonda Parker, da Nasa, vai fazer história sendo o artefato humano que já chegou mais próximo ao Sol. O negócio é saber se a sonda vai sobreviver. No seu ponto mais próximo, ela deve chegar a cerca de 6 milhões de quilômetros da superfície do Sol e aguentar temperatura de 1.400 ºC (sem contar a radiação). A Nasa espera um sinal de vida dia 28. Vamos esperar!
Vacina anti-câncer
O Ministério da Saúde da Rússia anunciou que vai distribuir uma vacina para combater o câncer gratuitamente em 2025. Uma versão se baseia na mistura de quatro vírus não patogênicos e a outra usa a tecnologia mRNA, usada em vacinas contra a Covid. A ideia é ensinar o sistema imune a reconhecer e atacar células cancerosas. MAS não há dados de ensaios clínicos publicados e o uso de mRNA para combate do câncer ainda está em fase de pesquisa. 🧐
Terraplanistas escorregam na curva…
… Da Terra 😅. Um pastor no Colorado (EUA) levou um grupo de terraplanistas à Antártida para provar a teoria deles de uma vez por todas. Foram lá pra provar que o Sol da Meia-Noite (que só acontece por causa da forma redonda da Terra e por ser inclinada sobre seu eixo) era invenção de CGI da Nasa. Então, descobriram que não era invenção. E reconheceram isso (mas muitos seguidores desse cara, não).
Pioneirismo contra dengue 🇧🇷
O Instituto Butantan pediu o registro de uma vacina contra dengue à Anvisa — e é a primeira em dose única no mundo. Tem alta eficácia contra adoecimento por dengue e casos graves da doença. Se tudo der certo e o pedido for aprovado, o instituto deve entregar 100 milhões de doses até 2027.
Você viu?
Hoje, esta seção está disponível exclusivamente para assinantes pagos do Polígono. Assine você também e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre como a ciência repercute nas redes sociais.
Esse apoio é muito importante para assegurar a sustentabilidade do Polígono.
» CLIQUE AQUI E ASSINE POR APENAS R$5
NOTA DO CONVIDADO
Academia e conhecimento tradicional precisam andar juntos
Por Josiel Juruna, pesquisador indígena do projeto "Partilha da água e resiliência de um sistema sócio-ecológico único na Volta Grande do Xingu", selecionado no primeiro edital da Iniciativa Amazônia+10
A Volta Grande do Xingu tem 130 quilômetros de rio cercado por aldeias indígenas, sendo uma delas a Terra Paquiçamba do Povo Juruna, do qual faço parte. Durante o período de chuva amazônico, as margens dessa área costumavam inundar. Mas isso não acontece mais desde 2016, quando a construção da barragem de Pimental, a principal de Belo Monte, foi concluída.
A Volta Grande do Xingu tem 130 quilômetros de rio cercado por aldeias indígenas, sendo uma delas a Terra Paquiçamba do Povo Juruna, do qual faço parte. Durante o período de chuva amazônico, as margens dessa área costumavam inundar. Mas isso não acontece mais desde 2016, quando a construção da barragem de Pimental, a principal de Belo Monte, foi concluída.
A barragem reduziu a vazão de água na Volta Grande, e com um fluxo do rio que não é mais natural, os peixes começaram a sofrer pela falta de alimento - as frutas que antes caíam na água, hoje caem no solo seco. Os pacus diminuíram de tamanho e ficaram mais difíceis de serem encontrados. Assim como outras tantas espécies de peixes e quelônios, como mostram os registros de todos os animais que chegam à comunidade e são pesados, medidos e contabilizados.
Desde 2013, faço parte da equipe de monitoramento ambiental e territorial independente da Volta Grande do Xingu (MATI-VGX), movimento idealizado em parceria com indígenas, ribeirinhos e cientistas que estudam os impactos de Belo Monte na região. Hoje atuo como coordenador dessa iniciativa - e considero uma conquista para uma pessoa indígena ocupar essa posição.
Não tenho formação de universidade, mas tenho o conhecimento que minha avó e meu pai me ensinaram. Antes que qualquer estudo pudesse comprovar, eu vi espécies de peixes morrerem de fome, eu vi as águas mudarem, as terras secarem e o modo de vida se transformar.
Por isso acho tão importante que os povos tradicionais participem das pesquisas de campo e trabalhem em conjunto com os cientistas. É preciso que exista uma integração entre o conhecimento local e o mundo acadêmico. Temos de trabalhar juntos, porque um depende do outro. Se ninguém do território quiser mostrar e monitorar a região para os pesquisadores, quem vai conseguir estudar o território? E, ao mesmo tempo, se os cientistas não divulgarem e passarem as informações para as autoridades competentes, como vamos conseguir mudar o cenário que enfrentamos hoje?
Gosta do Polígono? Assine nesta página, encaminhe para seus amigos e familiares e participe do NúcleoHub, nossa comunidade no Discord. Quer anunciar com a gente? Veja aqui nosso Media Kit.
➜ Altere seu cadastro neste link
➜ Gerencie sua assinatura premium neste link
➜ Não quer mais o Polígono? Cancele sua inscrição